quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

CONSTRUTORES DE CABEÇAS



A natureza se vinga,
gesta o vento de cem mil pés,
arrasta duas mil cidades por segundo

A onda gigante come as pernas
e os braços dos continentes
E aquele que apodrece o céu,
o mar e a terra
clama inocência

Caixões feitos de dinheiro
cobrem os vastos campos
Minhas lágrimas não irão secar
junto com as nascentes

Tempo de desespero de planetas e homens,
o tiro saiu pela culatra,
nada tem detido a avalanche,
nem deuses, nem internautas

Sou poeta, homem de fé inquebrável,
cavalheiro de infinita esperança
Como Bob Dylan
e outros construtores de cabeças
ergo taças de sangue
atirando dardos de coragem
aos que estão perdendo a batalha

O poeta príncipe de metal
acorrenta os cães
dos dentes de estricnina a sua cintura,
arranca do pâncreas das águas o tumor

Ele, o Rei de marfim,
sustenta congressos de sóis
nos corredores do intenso
e espalha especiarias orgânicas
dizendo aos seus irmãos que façam o mesmo

Orquídeas imensuráveis precipitam-se
dos furos das pedras
e das cavidades vermelhas
alargando pétalas sobre os corpos
das estrelas
que esqueceram que são estrelas

(Edu Planchêz)

Um comentário:

Izadora disse...

Muito bom! ..acho que vc sabe né Edu, que eu gosto muito do que vc escreve! Quero/preciso de tempo pra ler todos os poemas novamente e deixar meu comentário neles! Beiijo!
Seguimos sempre..
Izadora.