(Ao meu irmão Augusto Guimarães Cavalcanti)
Meu corpo de um metro
e setenta e seis centímetros carrega
em seu centro um poeta preocupado
com o destino de seu país
e um monstro devorador
Meu corpo de um metro e setenta e seis centímetros
traféga pelas estradas
e céus empunhando e rasgando bandeiras
para cantar Luiza de Tom Jobim
nos dunas da Lagoa do Abaeté,
nas alagadiças margens do delta Guaíba,
na nudez australiana de Byron Bay
Meu corpo promove a primavera
dos que só pensam em sexo
E pensar em sexo é mais que viver ,
é entrar na atmosfera maga de Aldebaram
comendo pêssegos
recheados de gorgonzola e morangos
Meu corpo de um metro
e setenta seis centímetros
as vezes foge em direção
ao mar dos ouriços intocáveis,
racha os pés pelas ruas
do Rio de Janeiro a procura de uma pedra
Eu e meu corpo plantado
nas longas linhas do mapa
dessa cidade que avistamos da janela
do calidoscópio avião
Um metro e setenta seis
de misturas metálicas e vegetais
largado nos cinturões
da historia antiga e moderna
Esse é o Homem que carrego
por essas ruas de gelatina e sangue
Essa é a voltagem que trago bem encaixada
nas maças partidas
por minha fantástica cabeça
(edu planchêz)
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