terça-feira, 6 de janeiro de 2009

MORINGA LIBERTÁRIA




“O ganso real avança em direção às altas nuvens.
Suas plumas podem ser usadas na dança sagrada.
Boa sorte.
A obra finaliza-se com perfeição.
Como as plumas que caêm de um ganso em alto vôo,
a vida de um homem completo é luz
e modelo para os homens da Terra.”




Ezra pound entrando pelos orifícios do corpo,
do meu corpo de papel moeda,
do meu corpo de cinema novo

Versando sobre nenhum tema
porque nenhum tema passeia nessa hora
de juntar partículas e planetas

Planetas cavados no papel
da última hora clássica da volta
dos que nunca deveriam ter ido

Compreender o ultimato do agora
para dar outros formatos ao novo

Os grande nomes do cinema
cabem no vão das águas
que invento sobre essa lâmina

Corto a cabeça do parafuso
formado por meu corpo e o corpo dos jornáis
para nunca mais ter que voltar
aos porões dos pensamentos turvos

O que fazer com tantos poemas?
O que não fazer com tantos poemas?

Fazendo da duvida o pulso do próximo passo
Fazendo do erro as fábulas do próximo dia

Ferreira Gullar move as portas
das casas que agora são livros
Cassiano Ricardo mora comigo nos sótãos da cidade
e nos relâmpagos cortadores de línguas

As pedras fedorentas que eles atiram entram
na metamorfose das palavras roedoras
e as palavras roedoras correram, correram, correram...
até o rompimento da barragem,
até o homem comer com o cérebro sangrando o espelho

Agora todo mundo
tem água na moringa libertária do corpo
que o barro lhe deu
agora a cerâmica dos que pensam em água
adquire o formato hídrico de um copo

(edu planchêz)

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