terça-feira, 6 de janeiro de 2009

QUE NUNCA NOS FALTE O AR E A ALEGRIA



Onde colocar a poesia
nessa hora de desentendimento?
Minha mulher não compreende
uma única palavra que falo
Parece que falo alemão e ela japonês
Falo do amor profundo
que está além da vida e da morte,
além dos motivos corriqueiros
do simplório cotidiano,
mas ela não compreende,
seus ouvidos estão tampados

Digo para que ela leia
os bons amigos livros
para que abra em sua mente novas portas,
para que entenda o que quero dizer

Mulher querida,
se você colocasse em prática
uma pequenina fração do que falo
como seriamos felizes,
uma grande mulher emergiria,
um outro pensamento povoaria nosso lar

O erro está em mim?
O erro está em quem nunca
conheceu Fernando Pessoa?

Acho que o erro
está em tratá-la com elegância,
com o carinho dos grande mestres,
com a beleza dos pássaros

Culpa da estupidez,
da ignorância, da criação antiquada,
da falta de oportunidade...

Sou um homem das letras, da pluricultura,
da intensa comunicação, ela,
por muito pouco
não sabe escrever o próprio nome

Um amigo nos disse:
“Você nasceu Deus,
ela é uma pessoa simples do povo,
é preciso muito amor.
Você tem o universo mágico aberto
sobre a mesa do crânio,
e ela,
apenas o cotidiano comum
a todos os comuns.”

(edu planchêz)

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