sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

À UM ILUSTRE SENHOR DA BAHIA


Eu que pouco sei gramática
acabo escrevendo bem porque observo,
observo a dinâmica dos moveres das cousas
Mesmo sem esboçar nenhum movimento,
as cousas tal como são
movem-se sempre dizendo algo
que a sensibilidade do meu tato
cápta e transforma em expressão

Aprendo abrindo com serenidade
os dedos da mão direita
Aprendo torcendo o tronco
para o lado que me permite sorver
o que vem dos motores

Tudo ou nada, vivo e morto,
o poema-vela desmorona-se sobre os degraus
do terreno de minha acidentada cabeça

Eu que muito sei de terremotos
acabo escrevendo mal porque soletro
as poucas palavras que conheço
com absoluta displicência
cuspindo letras a esmo
sem nenhuma técnica
num foda-se rotundo

Desaprendo não prestando atenção
no que grasnam os gramáticos fisiológicos,
os parias da política, os coronéis da cultura,
(entre outros irresponsáveis)
Esses senhores ricos morreram
e esqueceram de deitar

Tudo e tudo, frio e em chamas,
dentro do meu poema moenda fornalha
serás decantado, não sobrará uma única hemácia
de tuas ex- salutares palavras,
de tuas caretas carrancas...
Sobre esse planeta
de deuses demônios lúcidos dementes,
a Lei das Lei é rigorosa

(edu planchêz)

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