terça-feira, 6 de janeiro de 2009

VULCÃO DEPURADOR



O poeta de Minas nos diz para não forçar o poema...
Poeta de Minas, hoje não vou te obedecer
Levanto a tampa, abro a lata, tiro a rolha do garrafão
Meto os pés no lodo em busca dos vocábulos anfíbios,
encontro as víboras dos acontecimentos,
as insones toupeiras devoradoras do sentir,
fezes e objetos indiretos
e retorno ao mar
canteiro de todas os viventes

E no vulcão depurador de palavras mergulho
porque também sou palavra

Vergo com o verbo que declina
porque o substantivo girafa devora as folhas
e os galhos da próxima sentença
As partes do corpo humano são sílabas:
cabeça, tronco e membros

Pego em palavras, piso em palavras
Pesadas palavras
comprimem meus ombros de escritor
E o áto de escrever
consiste em costurar no tecido do olhar
dizeres que serão lidos ou não por alguém

O áto seguro de escrever
resiste no dono dessa voz
determinado a correr as linhas do mapa,
as linhas dos sentidos
das pessoas da palavra Terra

No vulcão depurador de palavras me entranho
porque também sou palavra

(edu planchêz)

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