sábado, 27 de junho de 2009

no dia em que Michael Jackson se foi


Juliana Porto,
no dia em que Michael Jackson se foi
não saí de casa, fiquei de luto com o resto do mundo,
com o choro preso, imóvel,
sem saber onde colocar as pernas e os braços
Havia um pingo d'água que se negava cessar,
uma gota de sangue, de lágrima, um pedaço de coração,
petala espalhadas, ventres rasgados

Não sei se chovia ou fazia sol,
ventava ou caiam panteras das nuvens
Acho que tudo ficou noite
Acho que o sol explodiu no meio de todas as salas

As palavras não se encaixavam para formar frases,
as frutas se negavam amadurecerem, e as crianças...
aonde estavam as crianças?

Essa casa já não tem teto,
as janelas não abrem nem fecham
Nenhum acorde ousa clarear as ruas
Mas é só a velha nova morte
caminhando com suas botas cor de borboletas,
é só um bicho novo que rompe o casulo

Não sei se o planeta fica mais pesado
ou mais leve
Algo, alguém por aqui passou
e escreveu seu nome com letras de fogo,
com letras de diamante,
com letras de ouro,
com letras sêmem,
com letras de placenta,
com letras sangrando
ou com letra nenhuma...
e também não escreveu nome nenhum
porque ninguém tem nome

EDU PLANCHÊZ

Um comentário:

Juliana Porto disse...

Pois é.
Dia triste, poeta!