sexta-feira, 21 de agosto de 2009

PÁSSARO COR DE ESTANHO




( À Zeca Silveira)

“Triste de quem vive em casa,
Contente com seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira abandonar!”

Fernando pessoa
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O pássaro cor de estanho
sobrevoa os arranha-céus
quase imperceptível...
somente as crianças o vêem

O pássaro invisível
encarnado
nas vísceras do crepúsculo
rema pelos jogos da arte,
pelas cenas da carne
apimentadas dos palcos

Dizem que esse pássaro
transcende o tempo pensado
desde os primórdios,
desde quando Virgilio-pai-de-Dante
corria frondoso
entre os jasmim e salgueiros

Os ovos desse pássaro
permanecem quentes
entre os fios dos cabelos
dos que pregam nas tábuas do caminho
os retalhos da alma em chamas
para que a maldição infinita
se perpetue sob as frontes

(edu planchêz)

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