sábado, 19 de setembro de 2009

remendo a camisa de folhas



remendo a camisa de folhas que o céu me deu
com fios marinhos,
camisa essa que usarei em nosso próximo encontro

só sei fazer versos e plantar ervas sonolentas
nos canteiros que a noite nos oferece
sem pedir nada em troca

sou um homem de palavras,
um espécie lustrador de moveis livros,
mobílias chamadas silabas

se me banho no Tejo de então
é porque encontro nas pontas de minhas tranças
pedaços de algas e outro seres aquáticos
colhidos pelas redes dos livros
que montaram em minha carranca cabeça
verdadeiras epopeias

sob as velas das naves páginas
por mim lidas à luz das Américas
dos largos oceanos
descanso meu corpo de verso e prosa

(edu planchêz)