sábado, 12 de dezembro de 2009

Um artista do meu quilate sofrer o que eu sofro é um crime nacional, mundial



















escrevo, escrevo, escrevo...
para um país, para um povo que não lê,
provável que perca meu tempo

As palavras de Tico Santa Cruz ficam reverberando
em minhas costa: "há artistas que já nascem póstomos"
Ser reconhecido após a morte não é nenhuma glória,
um dos músicos que trabalha comigo disse
"por que você não arranja um trabalho?
Poderia ser um repositor de estoque num supermercado..."

Me pergunto, depois de tanto trabalho, de tanta dedicação,
de tanta pesquisa, de tanto estudo,
ter que trabalhar num supermercado?

Que nação é essa que não reconhece seus génios?
Com a qualidade do trabalho que faço passar fome,
morar mal, estar quase despejado...
qual o sentido que tenho para continuar criando?
Em nome de que e de quem devo prosseguir
desentranhando luz e escuridão?

Aos cinquenta anos, depois de tudo que fiz e faço
continuar na penúria?
Um artista do meu quilate sofrer o que eu sofro
é um crime nacional, mundial
Henri Miller, vivemos mesmo a hora dos assassinos,
pessoas como eu,
como você, quase já não servem para os homens atuais,
o nível mental dos que trafegam
por essas toscas calçadas está à baixo do zero

E essa lanterna mágica que carrego deve iluminar apenas
os cães e os meus próprios cabelos

(edu planchêz)

Um comentário:

Franklin Maciel disse...

Meu irmão Planchez, como bem sabe, conheço bem a dor que sente, e enfim concluo q o mundo não suporta a verdade, q portar a luz é assumir o sacrifício, por isso, só depois de morta gente como a gente é reconhecida,pq nao pode mais contestar

abs

Franklin