sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
O CÃO
(para Edu Planchez)
O cão, que na sombra de um carvalho adormecia,
vituperou os pedaços de folhas carregadas pelas
formigas, e sentiu vontade de correr.
Uma corrente prendia seu pescoço.
O sol era demasiado forte com sua
pele de pêlos ainda frágeis,
mas ele queria sair.
O cheiro das flores trazido pelo vento brando
e fresco da manhã, era irresistivelmente doce,
e penetrava em suas aguçadas narinas,
lhe fazendo lamber o pranto protegido pela
sombra do carvalho, agora, rachado.
Num rompante de desespero,
a corrente cedeu tão bruscamente
que a fadiga de suas pernas tremidas
e a espuma branca de suas mandíbulas
tornaram-se uma lancinante excitação.
Com receio dos primeiros passos ao sol,
o cão caminhou lentamente até sentir
o manto quente tocar sua pele,
ao se aproximar de um precipício,
uivou para a existência verde
que eternamente o aguardava...
quando saltou na imensidão das cores
do vale, e enfim, levitou.
(pedro lago)
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