domingo, 17 de janeiro de 2010

O POEMA É FODA











(para Bayard Tonelli)

Anos de chumbo, anos de ouro,
anos de ferro, anos de pedra e sal:
de que estou falando?
No corpo do poema é provável nada descobrir
O poema é um ser intimo e profundamente estranho,
tento compreende-lo (Seria eu o divam do poema?
Mais provável pousar mesmo de confidente,
pessoa que se ajoelha e deita no colo
das rimas e não rimas
para adentrar...
o terreno das metáforas?

Mas se eu deito no colo do poema,
o poema é minha mãe, irmã, amiga,
amante, amor, puta...

O poema me põe na cama e me envolve
em suas coxas de significados,
engole meu pau e minha língua,
aperta minha garganta,
destrói as descargas elétrificadas
das possibidades de fuga,
enfia cinquenta mil dedos em meu cu
e ouvidos

O poema é foda,
sabe e não sabe o que quer:
não sei se me deseja no reino da morte
ou no reino da vida:
me adora e ao mesmo tempo está cagando

Se o poema me cuspir,
eu cuspo no poema, cuspo em você,
em meu umbigo em teu umbigo

( edu planchêz)



Um comentário:

Nuvens de Sons disse...

Edu amado Edu como vc faz bem pra minha alma..Amo-te
Obrigado de ♥
Juh