sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

mortal comum, simples operário












Terei que encontrar paz na chuva
que veio para dissipar o calor
Minha alma estava perturbada
nessa noite complexa,
nos tuneis que faço no chão
com os serrotes dos olhos
para ajudar os que ainda sofrem
soterrados nos escombros do terremoto

Achava que sabia de tudo,
não sei de nada
porque corro aqui por dentro
em busca de mim,
fugindo de alguém
que só pode ser eu mesmo

Se escrever é terapia,
uso esse meu dom para picotar
os objetos nada agradáveis
(seriam objetos?),
nesse agora chamo todas as doenças
de objetos,
e ficar imóvel, estarrecido,
travado, sem ação...
é doença, covardia,
cagaço, falta de quase tudo

Mas eu me mato e te mato,
mato essa porcaria que se parece com corrente,
algema, parafuso, cela, tesoura e alicate

Para ver raiar um novo dia
pego em minhas mãos,
nas tuas mãos,
nas mãos de Virgilio,
nas mãos de Dante,
nas mãos de Nitiren Daishonin

Poesia,
fiel canção que nunca me deixa,
hoje paro de fingir que estou sempre bem,
que sou o mais forte, o salvador de tudo,
o amante insaciável...
e assumo minha condição de mortal comum,
de simples operário

(edu planchêz)

Um comentário:

Lázaro Fabrício disse...

Pra mim é lisonjeiro e uma honra receber um comentário seu no meu blog, Planchêz! O grande poeta na verdade é você! Admiro muito seu trabalho! Ah, e não sou "alvi-verde", sou flamenguista... hehehe

Forte abraço!