segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

MULHER ENIGMA





o ar desse dia permanece ultra quente,
estou num cilindro de calor,
sentado dentro dele observo
meu corpo de calor
rodopiar no ar do verão místico,
marco meus dias por essa esfera
bradando ao tempo
palavras salgadas e humanas

Eu sou o rei do sal,
salgo as ruas e seus caminhantes
com a seiva canora dos pássaros ancestrais,
com a batida bip-bop
dos irmãos poetas de São Francisco

com os seres imaginários de Jorge Luís Borges
escalo as escadarias
que nos levam ao corpo gelatinoso
da mulher enigma

(edu planchêz)

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