A CIDADE DOS BONS MORANGOS

Amor, essa é a cidade dos bons morangos,
aqui não precisaremos destroçar
os pés para encontrar a fortuna
e as belas ondas da Copacabana que nunca morre

Mas por enquanto manteremos em mãos
a vassoura e o balde
porque meus versos
ainda não estão impressos no papel moeda

Dez tostões é a gorjeta que essa cidade cospe
em nossas caras de paraíbas aventureiros,
entre o som de um tiro e outro,
batuco meu pandeiro imaginário
sem nenhuma moedas mas repleto de fotos
e paisagens inesquecíveis

Amor, nossa arte de assar sapatos
está cada vez mais apurada,
o demônio das maças come as carnes
de nossa sopa de pedra...

Mas como tudo tem fim,
a nossa suada vitória chegou,
abra a janela
para vaca cravejada de diamantes nos ver,
deixaremos de ser paraíbas
para nos tornar os reis
do supermercado zona sul

Pela ruas do Leblon
não precisaremos
mais das quentinhas de três reais
Adeus latrinas e quartinhos mofados
da vagabunda Lapa,
a poesia minha mãe e pai
botou seus cornos
para fora e acima da manada

(edu planchêz)