terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O ROSTO DE JACK KEROUAC



O rosto de Jack Kerouac
colado no centro da página da madrugada,
40 gramas de nada espalhadas pelas vias principais
que dão acesso ao aeroporto dos sonhos

Corte de cena, cena inteira, cena quebrada,
dúzias e mais dúzias de garrafas
contendo o produto orgânico
de nossas andanças

De um carro para outro vou pulando
porque toda essa seriedade oficial é nada
diante da grande aventura humana

Assalto o clube, assalto a geladeira,
deito no teto, deito na esteira
Roubo a mencionada cena
e piso no freio do tempo
Agora que o coração
já se recolheu para se proteger
nas labaredas,
antecipo o carnaval

Vendo um poema para comprar um armário
(agora tenho onde guardar trajes e máscaras)
Fico a imaginar:
cada gaveta é um beco...
cada prateleira é uma rua...

Um grande teatro de variedades
espoca no seio esquerdo do vento
Agora sou o Coringa Artaud
voltando das nuvens do inferno
guardando trajes
e máscaras no armário
que foi comprado
com a venda de um poema

(edu planchêz)

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