

Astros percorrem os céus
das quatro e dez da manhã,
eu no Rio de Janeiro
me preparando para o sono dos Reis,
para o contato fraternal
com minha amada ânima
E eu preciso de música
para entrar em sintonia comigo,
com minhas contas pequeninas
Ouço canções de hoje e canções do passado,
burilo as palavras para encontrar
o colo dos meus muitos amores,
o ventre pleno de meu amor
(esse poema sabe com quem falo)
Sou o primeiro e último deus do nada
e a rainha do tudo quase tudo
pronto para abrir os canteiros do peito,
os portais da voz
e o volume dos instrumentos
Verás comigo o que Dante viu em Florença
num domingo eterno de borboletas
e pássaros adestrados por Virgílio e Plínio
Os poetas de hoje se encontram
com os poetas de ontem
nos vagões desse poema vagaroso
Florbela Espanca e Ana Cristina Cesar
podem entrarem a qualquer momento,
Manoel Bandeira aqui já se encontra...
Me diz amor,
em qual xícara coloco as amoras
que Rimbaud e Velaine nos trouxeram
dos lagedos salineos da Sardenha
(edu planchêz)
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