domingo, 1 de agosto de 2010

pedaços de sangue



escrevo nos metros da noite com letras serenas
o poema pingos de vela,
pingos de gente que nasce e morre
nas pétalas das flores pensadas e impensadas,
nas pétalas do entra e sai da vida e da morte

ouvi da boca de minha a amiga Beth Sousa
que nosso irmão Paulo Lopes deixou a vida
segurando nas mãos dela
enquanto ela recitava para ele versos do Bagavaguita...
silencio...mais um pouco de silencio...

desaparece aqui para aparecer noutro lugar,
creio ser assim,
seria sem sentido ser diferente...
ou não seria, posso ser um extremo arrogante
ao imaginar que sei algo sobre isso

Mas deixo nascer botões de estrelas
( e quem sou para ter tal poder?)
por essas linhas cravadas pelo silêncio
e sei que o silencio que gosto adora canções,
por isso acendo tochas perfumadas
por todas as camadas do mundo e não mundos,
sob e sobre o umbigo das pessoas,
sob e sobre o umbigo das nuvens fabricadas
pelos dragões irmãos da ave fênix

esse é um poema livro
para ser publicado e lido
pelos caminhantes do tempo sem tempo,
pelos que como eu colecionam feridas e manjares

esse poema é sem tamanho,
sem métricas, medidas, dimensões
porque ele se integra ao universo
dos que aqui estiveram,
dos que aqui estão,
dos que ainda estão para chegar,
dos que nunca chegarão

o dia nasce e eu não sei se nasce
com ou sem esferas escuras
cobrindo o sol, o sono

eu não tenho sono e tenho sono,
eu não possuo e possuo
compaços e réguas para medir
os valores da história por mim escrita,
por você escrita com pedaços de sangue,
com lágrimas e sorrisos

e vou continuar evoluindo essa escrita sem fim
usando agora ferramentas estelares,
artefatos orgânicos, líquidos saídos de nós
por prazer e dor

esse é um poema tratado,
um pergaminho rabiscado sobre os ombros
da madrugada dos anjos e dos lobos
( já que eles são irmãos)

Não sei se estou fazendo minha parte para marcar
a passagem do gênero humano,
do gênero vivo ou quase vivo sobre
esse planeta artesão


(Edu Planchêz)

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