segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

SENHORES DEUSES






I-

Senhores Deuses,
extenso e curto é o tempo
que trás e leva tudo e todos,
nessa geográfica nave velejo
com meus contemporâneos
movendo-me na saudade
dos que nessa vida
não poderei mais ver

Vamos passando...
no jogo de dados
que tudo constrói e desmorona
(Haroldo de Campos
nos fala da soma e da subtração,
dos números que se entrelaçam
para formar e demolir as coisas)

O universo é feito de palavras,
sou palavra...
palavras são números,
números são palavras,
até aonde o homem alcança
compreende-se assim ser

Entre o orgulho e a vaidade
partilho as horas,
não conto mais os dias...
mas conto para o único coração
o que gestamos nessa folha de luz


II-

Nenhuma vergonha arrasto
por ter por oficio o nada, o tudo,
a poesia

Me rendo
aos que penduram-se nas pétalas
das flores
para verem seus rostos desenhados
no céu de fogo

O céu é um desenho que não sei comentar,
meu rosto:
o rosto de minha mãe,
o rosto de meu pai, o rosto do povo,
o rosto das fagulhas
e das brasas


III-

Pitágoras
e a matemática nada exata
que traço
almoçam e jantam
no inconsciente coletivo
das maquinas
que agora são homens
e mulheres


IV-

O direito que eu tenho “ela” também tem,
ficarei em silencio


V-

A quinta parte do que aqui escrevo
é a quinta parte do que aqui escrevo

Não busco qualquer coerência,
apenas jogo os dados
e os dados me jogam

( edu planchêz)

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