sexta-feira, 9 de julho de 2010

que o mar lave os nossos olhos




Sei que estou usando palavras para me expressar,
mas eu não possuo palavras para acrescentar
aos átos de atrocidades,
que o mar lave os nossos olhos
para não vermos o que não é preciso ver

Torturar um ser até a morte
foge a todas considerações que conheço,
diante de tal coisa sou o corcunda de notredame
conversando com os sinos,
com as torres e com as estátuas

uma chuva de monstros vorazes despenca
sobre os telhados frios da cidade desprotegida
e só nos resta o organismo mineral
e os raítos do sol que ainda nasce

Por dentro e por fora
dos portões de aço,
nas dobradiças que sustentam os cadeados
mora a minha vergonha de ser homem,
de merecer ser homem,
a dor de saber e pensar

acho que hoje sou apenas grãos de areia sujos,
poeira solta no assoalho,
folha morta pelo vento impiedoso
das mãos de quem esfola a vida
que não é sua

(edu planchêz)