quinta-feira, 8 de julho de 2010

amamentando e sendo amentado pela poesia






chegando em casa à quase cinco da manhã,
estive no Leme com amigos
amamentando e sendo amentado pela poesia

O mar do Leme sereno irmão de todos,
nos comia porque ser comido pelo mar
é ser comido por ostras e pérolas,
polvos, Yaras,
por amorosas feras de fogo e gelo

eu vi Roberto Piva andando pelas ondas
formadas pelas almas que gemiam
sob o amor
lilás do vinho

eu vi Oswald de Andrade
pegar na mão de Cairo Trindade
e verter sua amada Denise em Pagu...
e Elsa Soares em sonhos de valsa

noite vivida por nós
que quase nada
representamos diante da história
das marés e dos pescadores

O mar do Leme é o mesmo mar da Holanda,
o mesmo mar que um dia Fernando Pessoa
criou e despetalou pelos cafés de Lisboa

O mar nos diz que é magnífico ver
e ouvir da boca das andorinhas
o que quase ninguém ouviu,
o que esteve entranhado na pedra da Gávea,
no Monte Fugi...
nas pinceladas de Di Cavalcante...

(edu planchêz)



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