sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O SORVETE DE ABACAXI


Grande vida,
seis e trinta e cinco de sábado,
eu na minha centelha,
no palácio do Kossen Ruffo
desdobrando os panos,
me preparando para dormir

Por conta dos contos da sereia madrugada
permaneci desperto até agora
Hoje é dia de feira livre
pelos arredores do bairro de Fátima...
Me remeto aos dias infantis,
dias esses em que marejava
pelas feiras da Praça Seca
à carregar compras
em troca de uns trocados

Menino melancólico
afundado na inocência
das coloridas pipas,
dos gigantescos balões,
das brincadeiras fluídicas
esculpidas na linha
do vento cachorro do mato

Menino metafórico
congelando os dedos
nas poças
deixadas pelas chuvas da rua Marangá
sem tirar o olho
do pequenino peixe-espada-sangre
morador do poço revestido por tijolos
do fundo de seu quintal

O sorvete de abacaxi
comprado por tia Solange
na lendária sorveteria Baronesa
ainda adoça meus dias e noites

(edu planchêz)

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